Ignorância em tempos de covid-19

Fui caminhar no bosque com meu pai e a nossa dog. Pegar um solzinho. Dar uma voltinha de boas.

Eis que percebo uma guria tossindo muito, muito alto. Claro que acabei olhando, achei que ela (ou quem fosse) estava passando mal… Ela estava sentada entre dois caras e todos tomando um mate. Algo assim. Os três sem máscaras, com o aval da bebida.

Aí eu entendo que ela estava debochando por eu estar usando máscara. Eu já havia avançado o passo. Olhei de novo e ela olhou para ver a minha reação, de novo rindo muito e no deboche. Se eu não tivesse mais a frente, teria chegado e perguntado se ela tem consciência de que hoje batemos 400 mil mortes por covid-19. Que já é covid-20 e já atualizou para covid-21. Congelado no nome, mas aí super ativo.

Quando eu olhei a cena pela segunda vez, eu lamentei como que uma jovem pode ser tão ignorante. No bosque, todos os outros poucos transeuntes estavam na energia do respeito e da civilidade, usando suas máscaras.

Isso que ela não deve ter visto a fila de corpos para sentem cremados na Índia. Caos idêntico ao que vimos em Manaus, mas por eles terem o hábito da cremação, fica a fila de corpos e muitas fogueiras. O que me choca não é a fogueira e a cremação, é a QUANTIDADE de fogueiras e, no Brasil, a quantidade de caixões. É um vídeo chocante que eu não tive coragem de postar nas redes, apesar do meu engajamento nos temas. E lá, quem pode, corre comprar oxigênio que falta nos hospitais. Idêntico ao que vimos aqui.

Apenas a risada da garota ecoou no bosque.

Penso eu que ela achou que estava fazendo algo importante.

Eu lamentei e pensei que o sol e a brisa continuavam bem agradáveis e que não seria uma tola que estragaria o meu dia.

Tânia Braga

Maringá

29/04/2021