Não minimizem a morte de Paulo Gustavo por conta de nossas outras desgraças

Tânia Braga Guimarães
1 min readMay 15, 2021

Amo teatro. Fiz teatro na adolescência e, por conta da vida, teatro não foi a escolha profissional possível, embora tenha feito várias oficinas teatrais num ano sabático. Eu me deleitava vendo Paulo Gustavo.

Quando a pandemia bateu 20.000 mortos, eu fiquei anestesiada. Preocupada, incomodada, indignada, mas sem conseguir chorar. Apatia e desesperança. A morte desse jovem ator permitiu que eu chorasse novamente a pandemia. Chorei por ele e pelos 428 mil no Brasil e pelos milhões no mundo. Abriu o tampão que segurava o choro que estava entalado na garganta.

Paulo disse que o riso é uma forma de resistência. Bah. O riso é um bálsamo curador. A alegria é energeticamente maior do que a energia no amor. Então, o bem que ele fez ao país é imensurável. Eu passei a vida inteira assistindo humor, todos os programas possíveis e quando o via, eu pensava: ele é completo DEMAIS. Uma estrela de grande porte.

Querem que a gente sinta menos a sua partida. ‘Tantas mortes!’ Chacina em SC no mesmo dia.’ Mas as nossas desgraças são muitas. Podemos chorar por todas, inclusive por este Ser que tomávamos como um grande amigo.

Tânia Braga

--

--

Tânia Braga Guimarães

Consciousness Facilitator. Phd in Languages Studies. Buddhist inside. Crazy outside. Dreamer. Can call me Taniá. Facilitadora de Consciência.